sexta-feira, 5 de abril de 2013

PROBLEMAS DA ECONOMIA DO BRASIL - 3 - O PROBLEMA DA PREGUIÇA E MALANDRAGEM

A fila pode ser na Bahia, mas a preguiça é brasileira.



Eu não iria escrever hoje, mas acabei fazendo isso depois de ler uma matéria no mediano jornal “Agora SP”. Esse teto, que estava na seção policial, descrevia a prisão de um falso médico em Osasco, que ganhava a vida vendendo atestados médicos.  Até aí, mesmo tendo noção da gravidade do fato e do quão nocivo esse tipo de atividade pode ser, ainda assim não me abalei, uma vez que isso não estava muito fora da normalidade brasileira. Porém, o final da notícia realmente abalou meu sistema nervoso: o tal médico cobrava cerca de R$15,00 por consulta... E cada consulta dava ao paciente o “direito” de receber um atestado médico que lhe permitiria faltar alguns dias no trabalho. Mas, calma, o mais estarrecedor está por vir: O tal médico atendia cerca de 100 pessoas por dia! Ou seja, faturava cerca de R$1500,00/dia! Esquema sujo feito por pessoas sujas, porém, convenhamos, esses caras tem talento pra ganhar dinheiro...
Mas vamos lá: o exagero da coisa toda não se refere ao fato de esse vagabundo estar se travestindo de médico para vender atestados e ficando, assim, milionário. O que me choca é o fato de que ele faz isso para cerca de 100 PESSOAS POR DIA! Peraí, cerca de 100 pessoas vão todo dia nesse local pedir um atestado médico. Vamos lá, me ajudem a fazer alguns cálculos por aqui:

  • Vamos ser bem otimistas e imaginar que cada um desses 100 trabalhadores diários que vão procurar o falso médico peça apenas 3 dias de licença (ah, convenhamos, um sujeito não iria procurar esse tipo de “serviço”, que ele sabe muito bem se tratar de um crime, sujeito, entre outras coisas, a demissão por justa causa, para buscar apenas 1 dia de licença médica, né?);

  • Ou seja, temos então 100 pessoas por dia, vezes 22 dias úteis por mês... Isso nos dá 2200 pessoas a cada “mês útil”.

  • 2200 pessoas pedindo aqueles 3 dias de licença nos daria um total de 6600 dias de folga para todos esses “doentes”.

  • Vamos fazer outro cálculo simplificado: Segundo o IBGE, o salário médio do trabalhador brasileiro ficou na casa dos R$1728,40 no ano de 2012. Apenas para facilitar os cálculos, vamos apenas dividir esse valor por 30: veremos agora que o rendimento médio diário do trabalhador brasileiro é de R$57,61.

  • Pense: aqueles 6600 dias de folga que supomos serem pedidos para o falso médico são formas de deixar de trabalhar de forma remunerada. Ou seja, esses trabalhadores contribuem para a diminuição da produtividade em seus respectivos trabalhos sem abrir mão da remuneração. Sendo assim, essa movimentação se traduziria em cerca de R$380.226,00 por mês... Ou ainda: 6600 dias de folga pedidos por mês são 79.2000 perdidos no ano, com prejuízo para as empresas de R$4.562.712 em salários pagos para pessoas que literalmente boicotaram o trabalho.

E ainda estamos falando apenas da cidade de Osasco, na região metropolitana de São Paulo. E acredito que esse cidadão não seja o único a cometer esse tipo de delito por lá... Fizemos cálculos simples, apenas a título de esclarecimento do nosso ponto de vista.
Perceberam? Um sujeito apenas, um contraventor qualquer, pode ser capaz de trazer prejuízos para empresas diversas de mais de 4 milhões de reais num ano. E sendo esse um mercado tão rentável (pode-se lucrar mais de R$30.000,00 por mês), é óbvio que há uma gama muito grande de pessoas atuando aí. Mas, como discutimos a questão dos problemas brasileiros que afetam sua economia e seu posterior crescimento, o que nos assusta são esses dois problemas críticos:

  1. A quantidade de dinheiro que é pago por empresas para trabalhadores que absolutamente não produziram nada. E lembremos que fizemos apenas alguns cálculos simples baseados em fatos revelados acerca de apenas um contraventor! É evidente que esse valor de 4 milhões cresceria de forma exponencial se levássemos em conta a quantidade de contraventores atuantes no mercado hoje em dia mas, de qualquer maneira, ainda assim é preocupante demais termos em conta que a economia brasileira é tão lesada assim por apenas uma pessoa. Pense nas possibilidades: pense em reduções de custos, aumentos de produtividade, ganhos coletivos que a total inibição dessa prática não traria para a economia do país.
  2. Simples e direto: até quando haverá malandros preguiçosos fazendo isso? 
Cristovam Ramos Neto

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