Esperem: Não confundam o
conservadorismo do título daquele que se refere a política, a economia e
também, é claro, ao que se refere ao cristianismo e suas vertentes... Nada a
ver. O intuito desse blog não é esse. Não vamos discutir isso. Vamos discutir,
isso sim, assuntos além, transcendentais a esses temas pequenos. Queremos
um País em crescimento, nunca se esqueçam disso.
Vejamos:
Estamos numa série de posts nesse blog em que tratamos de temas que consideramos
essenciais ao Brasil, problemáticos... Temas que, ao nosso olhar, são uma
espécie de freio de mão ao desenvolvimento brasileiro.
Portanto, vamos lá: O
conservadorismo dos empresários brasileiros realmente é tão prejudicial ao
nosso desenvolvimento econômico quanto é o fato de o Brasil ter um IDH tão
baixo, mais baixo ainda que o da América Latina. E darei dois exemplos para
ilustrar a nocividade desse pensamento:
O primeiro exemplo é o
seguinte: aqui, no meu querido interior, temos, em cada uma de nossas cidades, uma
grande quantidade de contadores, senhores antigos, há muito tempo formados.
Esses senhores comandam vários escritórios, todos bem sucedidos e, claro,
rentáveis. Agora, eis a questão: Esses senhores são conservadores? É claro que
são! E, sendo, conservadores, como é que eles atrapalham a economia? Simples!
Eles atrapalham nossa economia por que, ao invés de trabalhar para os
empresários que pagam por seus serviços, eles acabam trabalhando para o governo
que não paga nada pelos seus serviços! Explico: estou calejado de tanto
perguntar para clientes do meu Banco como é o trabalho de seus respectivos
contadores... todos eles respondem a mesma coisa, ou seja, que o contador
somente faz a apuração de impostos! Aí, vou eu, todo inocente, perguntar se
alguma vez o cidadão já ouviu do seu contador algo como Balanço Patrimonial,
DRE, Liquidez, Índices Financeiros... É ÓBVIO QUE ELE NUNCA OUVIU! É OBVIO QUE
O CONTADOR DELE NUNCA LHE CHAMOU PARA DAR ORIENTAÇÕES SOBRE CONTABILIDADE
GERENCIAL! ALIÁS, PERGUNTO PARA ESSES CONTADORES CONSERVADORES: VOCÊS SABEM O
QUE É CONTABILIDADE GERENCIAL?
Bem... Vamos nos acalmar e
focar no segundo exemplo. Há uma teoria administrativa, que já foi citada nesse
blog, chamada Balanced Scorecard. Não sabem o que é isso? Bom, aqui vai uma
pequena síntese (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Balanced_scorecard):
“BSC (Balanced Scorecard) é uma sigla que pode ser traduzida para
Indicadores Balanceados de Desempenho, ou ainda para Campos (1998), Cenário
Balanceado. O termo “Indicadores Balanceados” se dá ao fato da escolha dos
indicadores de uma organização não se restringirem unicamente no foco
econômico-financeiro, as organizações também se utilizam de indicadores focados
em ativos intangíveis como:
desempenho de mercado junto a clientes, desempenhos dos processos internos e
pessoas, inovação e tecnologia.
Isto porque o somatório destes fatores alavancará o desempenho desejado pelas
organizações, conseqüentemente criando valor futuro.Segundo Kaplan e Norton
(1997, p. 25), o Balanced Scorecard reflete o equilíbrio entre objetivos
de curto e longo prazo, entre medidas financeiras e não-financeiras, entre
indicadores de tendências e ocorrências e, ainda, entre as perspectivas interna
e externa de desempenho. Este conjunto abrangente de medidas serve de base para
o sistema de medição e gestão estratégica por meio do qual o desempenho organizacional é mensurado de maneira equilibrada sob
as quatro perspectivas. Dessa forma contribui para que as empresas acompanhem o
desempenho financeiro, monitorando, ao mesmo tempo, o progresso na construção
de capacidades e na aquisição dos ativos intangíveis necessários para o
crescimento futuro.”
Então, entenderam? Essa
filosofia de trabalho não é nada além de uma nova forma de administrar. É algo
que traz algo extremamente novo, é quase uma revolução na forma de pensar o
administrar, o ganhar dinheiro. É aqui que, em minha visão, entra a questão do
problema do conservadorismo dos empresários brasileiros: muitas vezes você joga
na cara os benefícios desse tipo de pensamento e o empresário simplesmente lhe
responde assim: “Eu estou há 30 anos no mercado e você quer me ensinar como
trabalhar?”. É, dá vontade de mostrar sua analise dos números do mercado do
cidadão e responder: “Então, você está há 30 anos, mas tem gente que está há cinco
e já o passou pra trás!”. Entenderam? E querem um exemplo? A Grendene, que
fabrica as Havaianas. De repente esses chinelos, que eram vistos como coisa de
pedreiro, de pobre, coisa chula... passaram a ser coisa de ricos, coisa chique,
coisa que os gringos adoram. Agora, vamos ver: por que ocorreu essa
mudança?Bom, deve ter algo a ver com o fato de a empresa deixar de focar sua
produção naquele chinelo horroroso azul e branco... Mas é evidente que 99% dessa mudança teve a
ver com a mudança de pensamento, de administração.
Portanto, ambos os
exemplos se entrelaçam, ambos os exemplos se completam. O conservadorismo tem a
ver com o ego, tem a ver com o trabalho em cima daquilo que é tradicional.
Assim, me sinto muito confortável para dizer que esse conservadorismo é um
chute no saco do desenvolvimento brasileiro... Afinal, o empresário se contenta
com o fato de estar há décadas no mercado, mas não liga para o fato de que
outros mais novos e com novas idéias possam lhe roubar espaço. Resumindo: Ser
conservador, tal qual explicamos neste post, é uma atitude que joga nossos empreendedores,
nossos capitalistas, no mesmo patamar de, sei lá, nossos governantes?