sábado, 16 de março de 2013

PROBLEMAS DA ECONOMIA DO BRASIL - 2 - O PROBLEMA DO CONSERVADORISMO




Esperem: Não confundam o conservadorismo do título daquele que se refere a política, a economia e também, é claro, ao que se refere ao cristianismo e suas vertentes... Nada a ver. O intuito desse blog não é esse. Não vamos discutir isso. Vamos discutir, isso sim, assuntos além, transcendentais a esses temas pequenos. Queremos um País em crescimento, nunca se esqueçam disso.
Vejamos: Estamos numa série de posts nesse blog em que tratamos de temas que consideramos essenciais ao Brasil, problemáticos... Temas que, ao nosso olhar, são uma espécie de freio de mão ao desenvolvimento brasileiro.
Portanto, vamos lá: O conservadorismo dos empresários brasileiros realmente é tão prejudicial ao nosso desenvolvimento econômico quanto é o fato de o Brasil ter um IDH tão baixo, mais baixo ainda que o da América Latina. E darei dois exemplos para ilustrar a nocividade desse pensamento:
O primeiro exemplo é o seguinte: aqui, no meu querido interior, temos, em cada uma de nossas cidades, uma grande quantidade de contadores, senhores antigos, há muito tempo formados. Esses senhores comandam vários escritórios, todos bem sucedidos e, claro, rentáveis. Agora, eis a questão: Esses senhores são conservadores? É claro que são! E, sendo, conservadores, como é que eles atrapalham a economia? Simples! Eles atrapalham nossa economia por que, ao invés de trabalhar para os empresários que pagam por seus serviços, eles acabam trabalhando para o governo que não paga nada pelos seus serviços! Explico: estou calejado de tanto perguntar para clientes do meu Banco como é o trabalho de seus respectivos contadores... todos eles respondem a mesma coisa, ou seja, que o contador somente faz a apuração de impostos! Aí, vou eu, todo inocente, perguntar se alguma vez o cidadão já ouviu do seu contador algo como Balanço Patrimonial, DRE, Liquidez, Índices Financeiros... É ÓBVIO QUE ELE NUNCA OUVIU! É OBVIO QUE O CONTADOR DELE NUNCA LHE CHAMOU PARA DAR ORIENTAÇÕES SOBRE CONTABILIDADE GERENCIAL! ALIÁS, PERGUNTO PARA ESSES CONTADORES CONSERVADORES: VOCÊS SABEM O QUE É CONTABILIDADE GERENCIAL?
Bem... Vamos nos acalmar e focar no segundo exemplo. Há uma teoria administrativa, que já foi citada nesse blog, chamada Balanced Scorecard. Não sabem o que é isso? Bom, aqui vai uma pequena síntese (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Balanced_scorecard):

“BSC (Balanced Scorecard) é uma sigla que pode ser traduzida para Indicadores Balanceados de Desempenho, ou ainda para Campos (1998), Cenário Balanceado. O termo “Indicadores Balanceados” se dá ao fato da escolha dos indicadores de uma organização não se restringirem unicamente no foco econômico-financeiro, as organizações também se utilizam de indicadores focados em ativos intangíveis como: desempenho de mercado junto a clientes, desempenhos dos processos internos e pessoas, inovação e tecnologia. Isto porque o somatório destes fatores alavancará o desempenho desejado pelas organizações, conseqüentemente criando valor futuro.Segundo Kaplan e Norton (1997, p. 25), o Balanced Scorecard reflete o equilíbrio entre objetivos de curto e longo prazo, entre medidas financeiras e não-financeiras, entre indicadores de tendências e ocorrências e, ainda, entre as perspectivas interna e externa de desempenho. Este conjunto abrangente de medidas serve de base para o sistema de medição e gestão estratégica por meio do qual o desempenho organizacional é mensurado de maneira equilibrada sob as quatro perspectivas. Dessa forma contribui para que as empresas acompanhem o desempenho financeiro, monitorando, ao mesmo tempo, o progresso na construção de capacidades e na aquisição dos ativos intangíveis necessários para o crescimento futuro.”

Então, entenderam? Essa filosofia de trabalho não é nada além de uma nova forma de administrar. É algo que traz algo extremamente novo, é quase uma revolução na forma de pensar o administrar, o ganhar dinheiro. É aqui que, em minha visão, entra a questão do problema do conservadorismo dos empresários brasileiros: muitas vezes você joga na cara os benefícios desse tipo de pensamento e o empresário simplesmente lhe responde assim: “Eu estou há 30 anos no mercado e você quer me ensinar como trabalhar?”. É, dá vontade de mostrar sua analise dos números do mercado do cidadão e responder: “Então, você está há 30 anos, mas tem gente que está há cinco e já o passou pra trás!”. Entenderam? E querem um exemplo? A Grendene, que fabrica as Havaianas. De repente esses chinelos, que eram vistos como coisa de pedreiro, de pobre, coisa chula... passaram a ser coisa de ricos, coisa chique, coisa que os gringos adoram. Agora, vamos ver: por que ocorreu essa mudança?Bom, deve ter algo a ver com o fato de a empresa deixar de focar sua produção naquele chinelo horroroso azul e branco...  Mas é evidente que 99% dessa mudança teve a ver com a mudança de pensamento, de administração.
Portanto, ambos os exemplos se entrelaçam, ambos os exemplos se completam. O conservadorismo tem a ver com o ego, tem a ver com o trabalho em cima daquilo que é tradicional. Assim, me sinto muito confortável para dizer que esse conservadorismo é um chute no saco do desenvolvimento brasileiro... Afinal, o empresário se contenta com o fato de estar há décadas no mercado, mas não liga para o fato de que outros mais novos e com novas idéias possam lhe roubar espaço. Resumindo: Ser conservador, tal qual explicamos neste post, é uma atitude que joga nossos empreendedores, nossos capitalistas, no mesmo patamar de, sei lá, nossos governantes?


Beethoven - Für Elise (versão Piano)

Beethoven 
Für Elise (versão Piano)


quarta-feira, 6 de março de 2013

PROBLEMAS DA ECONOMIA DO BRASIL - 1 - O PROBLEMA DO COMODISMO

Fonte da Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-j5FQODjjzVx9pDlVTjH-I44pKwwdS7tkT7qqEppcCNVr4L_NVfiIzbbc4rbSjOg346EAXvhLhr7Ze1uKdO4eaG_U7DRpVo2BZQiQ2hfGm0nErZ370hA5QCII8nBZJBIFE3UN9uZW0g/s400/Manoel+de+Oliveira_HENRIQUE+MONTEIRO.jpg




ANTES DE TUDO: Eu iria escrever esse texto antes de publicar o post do Platão (O Mito da Caverna). Porém, andei passando por algumas questões que me trouxeram muitas dúvidas relacionadas a minha vida e carreira. Conversei sobre isso com um professor meu, que me recomendou a leitura desse texto do Platão. Já havia lido, porém não sobre a perspectiva atual. Portanto, essa análise sobre a economia tem muito a ver comigo e com o texto...


Chegou a hora de destrinchar alguns pontos daquilo que considero problemas vitais que impedem o desenvolvimento pleno do espírito empreendedor . O primeiro deles tem a ver com aquela questão tão magistralmente colocada por Mario de Andrade em sua obra “Macunaíma”. Principalmente pelo fato de que a frase principal do protagonista é “Ai que preguiça...”.  Não, não acho que o brasileiro seja preguiçoso. Acho, isso sim, que o brasileiro é acomodado, o brasileiro está, sim, dentro de uma zona de conforto. Claro que isso é uma forma de preguiça, mas não é a forma de preguiça que setores da nossa sociedade apregoaram durante séculos.
O que pesa na economia do Brasil a respeito desse tema é o fato de que o número de pessoas empreendedoras, o número de pessoas dispostas a crescer na carreira e na vida fica estagnado. Temos apenas uma porcentagem mais ou menos constante de pessoas que tomam a iniciativa de serem maiores e de melhorar de vida. Muitas pessoas acabam pensando nisso e se movimentando nesse sentido em situações de, digamos, “desespero”. Parece algo evidente que um cara corre atrás de uma renda maior somente quando se depara com uma gravidez indesejada.
Esse comodismo é algo relativamente normal na humanidade, em todos os povos. Todos tendem a evitar mudanças, todos tendem a se sentir confortáveis dentro de sua zona de conforto. O que acaba prejudicando o brasileiro, e nossa economia, é o fato de que, entre nós, falta um sentimento capitalista. Falta um sentimento capitalista mais intenso. Falta aquele capitalismo americanizado. Vejam: os EUA são a nação que melhor assimilou o capitalismo. Tanto é que há mais de um século são a maior economia do mundo. Eles são tão capitalistas que, na campanha presidencial do ano passado, o candidato republicano Mitt Romney sempre criticava o democrata Obama dizendo que ele sempre trabalhou no setor público e que não poderia administrar decentemente os EUA exatamente por que nunca esteve na iniciativa privada, nunca soube trabalhar pelo lucro. Alguém criticou esse pensamento? Claro que não. Mas se fosse no Brasil, o candidato republicano seria linchado em praça pública e sendo tachado de direitista, elitista, capitalista... Ou seja, só bobagens.
Perceberam onde quero chegar? Chega dessa história de esquerdismo!Chega dessa história de assistencialismo! Quer grana? Quer salário? Quer crédito? Trabalhe, meu caro! Monte um negócio! Procure o SEBRAE, Procure um programa de microcrédito! Saia dessa vida! Levante a bunda da cadeira! Vamos trabalhar!
Vejam o que é nossa vida, nosso sistema. Vivemos no capitalismo. Não adianta sonhar com comunismo e outras bobeiras. Você tem raiva dos bancos? Você tem raiva do governo, do tanto de meses que tem que trabalhar pra sustentá-lo? TODOS TEMOS! Sendo assim, pare de só ficar reclamando, comece a estudar um pouco mais e vá EMPREENDER MEU CARO!
Vamos a um exemplo prático: Há muitas cidades aqui do interior do estado de São Paulo em que a economia predominante é basicamente a atividade rural, com poucas indústrias em atividade por aqui. Ou seja, cidades como a minha dependem muito de usinas de cana de açúcar e de serviços prestados na cidade. E, devido a isso, ouvimos muitas reclamações do tipo: “Ah, mas a Prefeitura não faz nada, não faz nada pra trazer industrias pra cá...”. Alto lá, cara pálida! Você acha realmente que uma empresa resolve se instalar numa cidade só por que a prefeitura quer? Jamais, meu caro! Se você que reclama tivesse estudado um pouco, iria saber que uma empresa leva em conta diversos fatores antes de se instalar em algum lugar, tais como: facilidades de escoamento de produção, custos relacionados a entrega de produtos pelos fornecedores, mão de obra local, mercado consumidor local... Entendeu? E é aqui que começo a concluir: se não temos algumas das condições que eu acabei de citar, e que tornam nossas regiões pouco atrativas para o capital, não é melhor nos virarmos ao invés de reclamar? Não é melhor criarmos nossas indústrias ao invés de chorar por que nenhuma industria vem pra cá? Não é melhor trabalharmos por nós mesmos? Não é melhor sairmos de nossa zona de conforto?
Sendo assim, acho que o povo brasileiro pode, sim, ser mais ativo...Pode ser mais empreendedor. Há maneiras, há caminhos. Não somos preguiçosos. Só estamos acomodados, só estamos felizes na nossa zona de conforto. Só estamos felizes reclamando. Não precisamos nos indignar, vestir camisas do Che Guevara e gritar “Viva  La Revolución!”. Precisamos, isso sim, é concluir: “Quer saber? Eu quero é ganhar dinheiro!”. 

Música Clássica - II



NESSUN DORNA
Luciano Pavarotti em Paris (deleitem-se):






PS: Algumas pessoas não creem em Deus,  pois precisam de provas de Sua existência. Outras pessoas acreditam em Deus apenas pela fé. E há outros que acreditam em Deus pela fé e por pequenos momentos, pequenos detalhes, coisas mundanas tais como o sorriso de uma criança, uma mãe que se mata pelos filhos, o amor, a virtude, uma bela música como essa... eu sou um desses!

terça-feira, 5 de março de 2013

O MITO DA CAVERNA: ESCRITA HÁ SÉCULOS POR PLATÃO, AINDA É ATUAL. REFLETE NOSSO COMODISMO COM NOSSA ZONA DE CONFORTO.

PARA BAIXAR EM PDF: http://www.marculus.net/textos/platao_o_mito_da_caverna.pdf



O Mito da Caverna 
Extraído de "A República" de Platão . 6° ed. Ed. Atena, 1956, p. 287-291 


SÓCRATES – Figura-te agora o estado da natureza humana, em relação à ciência e à 
ignorância, sob a forma alegórica que passo a fazer. Imagina os homens encerrados em 
morada subterrânea e cavernosa que dá entrada livre à luz em toda extensão. Aí, desde a 
infância, têm os homens o pescoço e as pernas presos de modo que permanecem imóveis e 
só vêem os objetos que lhes estão diante. Presos pelas cadeias, não podem voltar o rosto. 
Atrás deles, a certa distância e altura, um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo e os cativos 
imagina um caminho escarpado, ao longo do qual um pequeno muro parecido com os 
tabiques que os pelotiqueiros põem entre si e os espectadores para ocultar-lhes as molas dos 
bonecos maravilhosos que lhes exibem. 
GLAUCO - Imagino tudo isso. 
SÓCRATES - Supõe ainda homens que passam ao longo deste muro, com figuras e objetos 
que se 
elevam acima dele, figuras de homens e animais de toda a espécie, talhados em pedra ou 
madeira. Entre os que carregam tais objetos, uns se entretêm em conversa, outros guardam 
em silêncio. 
GLAUCO - Similar quadro e não menos singulares cativos! 
SÓCRATES - Pois são nossa imagem perfeita. Mas, dize-me: assim colocados, poderão ver 
de si mesmos e de seus companheiros algo mais que as sombras projetadas, à claridade do 
fogo, na parede que lhes fica fronteira? 
GLAUCO - Não, uma vez que são forçados a ter imóveis a cabeça durante toda a vida. 
SÓCRATES - E dos objetos que lhes ficam por detrás, poderão ver outra coisa que não as 
sombras? 
GLAUCO - Não. 
SÓCRATES - Ora, supondo-se que pudessem conversar, não te parece que, ao falar das 
sombras que vêem, lhes dariam os nomes que elas representam? 
GLAUCO - Sem dúvida. 
SÓRATES - E, se, no fundo da caverna, um eco lhes repetisse as palavras dos que passam, 
não julgariam certo que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos? GLAUCO - Claro que sim. 
SÓCRATES - Em suma, não creriam que houvesse nada de real e verdadeiro fora das 
figuras que desfilaram. 
GLAUCO - Necessariamente. 
SÓCRATES - Vejamos agora o que aconteceria, se se livrassem a um tempo das cadeias e 
do erro em que laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se 
de repente, a volver a cabeça, a andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer 
tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, o deslumbraria, impedindo-lhe de 
discernir os objetos cuja sombra antes via. 
Que te parece agora que ele responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto 
fantasmas, porém que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, via 
com mais perfeição? Supõe agora que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfilavam 
ante os olhos, o obrigasse a dizer o 
que eram. Não te parece que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via 
era mais real e verdadeiro que os objetos ora contemplados? 
GLAUCO - Sem dúvida nenhuma. 
SÓCRATES - Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os olhos doloridos para as sombras 
que poderia ver sem dor? Não as consideraria realmente mais visíveis que os objetos ora 
mostrados? 
GLAUCO - Certamente. 
SÓCRATES - Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir pelo caminho áspero e escarpado, 
para só o liberar quando estivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria gritos 
lamentosos e brados de cólera? Chegando à luz do dia, olhos deslumbrados pelo esplendor 
ambiente, ser-lhe ia possível discernir os objetos que o comum dos homens tem por serem 
reais? 
GLAUCO - A princípio nada veria. 
SÓCRATES - Precisaria de algum tempo para se afazer à claridade da região superior. 
Primeiramente, só discerniria bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros 
seres refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos para a lua e as estrelas, 
contemplaria mais facilmente os astros da noite que o pleno resplendor do dia. 
GLAUCO - Não há dúvida. SÓCRATES - Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, em estado de ver o próprio sol, 
primeiro refletido na água e nos outros objetos, depois visto em si mesmo e no seu próprio 
lugar, tal qual é. 
GLAUCO - Fora de dúvida. 
SÓCRATES - Refletindo depois sobre a natureza deste astro, compreenderia que é o que 
produz as estações e o ano, o que tudo governa no mundo visível e, de certo modo, a causa 
de tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna. 
GLAUCO - É claro que gradualmente chegaria a todas essas conclusões. 
SÓCRATES - Recordando-se então de sua primeira morada, de seus companheiros de 
escravidão e da idéia que lá se tinha da sabedoria, não se daria os parabéns pela mudança 
sofrida, lamentando ao mesmo tempo a sorte dos que lá ficaram? 
GLAUCO - Evidentemente. 
SÓCRATES - Se na caverna houvesse elogios, honras e recompensas para quem melhor e 
mais prontamente distinguisse a sombra dos objetos, que se recordasse com mais precisão 
dos que precediam, seguiam ou marchavam juntos, sendo, por isso mesmo, o mais hábil em 
lhes predizer a aparição, cuidas que o homem de que falamos tivesse inveja dos que no 
cativeiro eram os mais poderosos e honrados? Não preferiria mil vezes, como o herói de 
Homero, levar a vida de um pobre lavrador e sofrer tudo no mundo a voltar às primeiras 
ilusões e viver a vida que antes vivia? 
GLAUCO - Não há dúvida de que suportaria toda a espécie de sofrimentos de preferência a 
viver da maneira antiga. 
SÓCRATES - Atenção ainda para este ponto. Supõe que nosso homem volte ainda para a 
caverna e vá assentar-se em seu primitivo lugar. Nesta passagem súbita da pura luz à 
obscuridade, não lhe ficariam os olhos como submersos em trevas? 
GLAUCO - Certamente. 
SÓCRATES - Se, enquanto tivesse a vista confusa -- porque bastante tempo se passaria 
antes que os olhos se afizessem de novo à obscuridade -- tivesse ele de dar opinião sobre as 
sombras e a este respeito entrasse em discussão com os companheiros ainda presos em 
cadeias, não é certo que os faria rir? Não lhe diriam que, por ter subido à região superior, 
cegara, que não valera a pena o esforço, e que assim, se alguém quisesse fazer com eles o 
mesmo e dar-lhes a liberdade, mereceria ser agarrado e morto? 
GLAUCO - Por certo que o fariam. 
SÓCRATES - Pois agora, meu caro GLAUCO, é só aplicar com toda a exatidão esta 
imagem da caverna a tudo o que antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o mundo visível. O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à região superior e a 
contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que 
o queres saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é 
verdadeiro. Quanto à mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo 
inteligível está a idéia do bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas que, 
conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora da 
luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e 
sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos negócios particulares e públicos. 

domingo, 3 de março de 2013

PROBLEMAS DA ECONOMIA DO BRASIL - INTRODUÇÃO


O título dessa postagem é algo emblemático. Há uma máxima perfeita: “O povo é bom...o problema é o governo!”. É, é isso mesmo. Realmente o povo brasileiro é trabalhador, criativo e dedicado. Mas nosso governo... Ah, esse hospedeiro, esse verme que suga boa parte daquilo que produz o trabalhador, a classe média e até o cidadão rico. Todos sabemos que trabalhamos até mais ou menos o mês de abril só para pagar impostos.
Porém, vamos olhar para nós mesmos. Eu poderia falar, agora, a respeito daquela velha questão batida do voto: “ah, você votou nesse governo, a culpa é sua”. Esse argumento é fácil, e não se refere à economia e empreendimento, temas desse blog.
Sendo assim, começaremos hoje uma série que trata dos problemas brasileiros, especialmente aqueles que tratam dos empecilhos ao nosso desenvolvimento econômico. Saibam, meus caros, que o Brasil é o único país do mundo que ainda possui fronteiras agrícolas. Saibam também que o Brasil é o único país que reúne as maiores reservas de água doce do mundo, juntamente com os abonadores fatos de sermos o país com a maior área de mata nativa protegida do mundo, termos a maior área agricultável do mundo, termos a maior área sem incidência de grandes desastres naturais do mundo...e , pra fecharmos, vejamos: somos o único país do mundo em que TODO O MUNDO ESTÁ AQUI! A Ásia, a África, a Oceania, , a Europa...estão todos aqui. Faz uns 50 anos que já deveríamos ter aproveitado todas essas potencialidades e ter chegado, 30 anos atrás, ao primeiro mundo. Mas não chegamos.
Dito isso, eu pergunto: É positivo analisarmos e estudarmos todos os fatores que nos deixaram nessa posição atual, ou seja... É importante saber por que estamos aqui e não lá? Claro que é importante.Afinal, é um tesouro saber em que erramos no passado visando não repetir esses mesmos erros. Mas creio que, juntamente com a análise desses erros, é primordial analisar outros elementos destacados pela filosofia do Balanced Scorecard (BSC)*, quais sejam:

Finanças: Análise dos aspectos financeiros de todas as esferas do governo;
Processos Internos: Análise de todos os aspectos dos procedimentos internos, da forma de trabalho de todas as esferas do governo;
Clientes: Análise de todos os aspectos que envolvem os “clientes” do governo, ou seja, a população;
Aprendizado e Crescimento: Análise de todos os aspectos que envolvem a cultura e a intelectualidade dos servidores, tudo que envolvem as possibilidades de crescimento desses trabalhadores. 

Sendo assim meus caros, mostrarei, na próxima postagem, o que considero que são problemas brasileiros que afetam nosso desenvolvimento econômico. E espero um debate de idéias. Afinal, sou apenas um cidadão clamando pela profissionalização do serviço público...


*No terceiro post, explicarei exatamente o significado dessa nova forma de gestão, com comentários e links interessantes.

sábado, 2 de março de 2013

Música Clássica I - Clarinet Concert I


WOLFGANG AMADEUS MOZART




PS: Na medida do possível, estaremos sempre publicando músicas, de preferência eruditas.

ANÁLISE DO PIB BRASILEIRO DE 2012



Imagem: http://www.paraiba.com.br/static/images/noticias/normal/1332445859789-dilma-e-mantega.jpg


Há algo muito errado nas políticas econômicas do nosso país... Não apenas pelo fato de que o PIB cresceu apenas 0,9%... Mas sim pela análise dos setores que tiveram alta com relação ao ano passado e também dos setores que apresentaram baixa. O que puxou o PIB foi o consumo das famílias (3,1%), os serviços (1,7%) e as despesas do governo (3,2%). Já o que derrubou o PIB foram os resultados da Indústria (-0,8%), da Agropecuária (-2,3%) e Investimentos (-4%).  
Parece-me algo muito errado o fato de que o PIB tenha sido “salvo” apenas por indicadores de consumo, de gasto! Ora, mesmo que os serviços tenham tido um aumento, não podemos considerá-los como resultado de alguma política econômica uma vez que esse setor demonstra crescimento histórico em todos os países do mundo desde a década de 70. Portanto é uma tendência mundial, não indicador de eficiência. Sendo assim, nosso PIB positivo se deve a questões “consumistas”, que não geram um efeito prático. Vejamos:  esse consumo diminui a poupança (portanto, investimentos de famílias e governos), porém pode aumentar a receita de empresas que vendem para esse consumo. Aumento de receitas pode significar aumento de lucros, mas não é necessariamente aumento de investimentos. Creio que esse movimento é uma paródia da tese monetarista dos resultados do aumento da quantidade de moeda na economia.
Já os movimentos de queda foram assustadores.E justamente  nos  setores mais importantes, aqueles que se destacam no PIB de um país que se pretende grande:  tanto a industria e os investimentos  quanto o setor da agricultura (que, no caso brasileiro, sempre brilhou, seja no PIB seja na balança comercial).
A análise dessas quedas nos dá algumas dicas daquilo que virá no futuro. A agricultura tem tudo pra se recuperar e voltar a ser a menina dos olhos do PIB e da Balança Comercial, até por que seus números negativos foram influenciados por questões de queda de preços de commodities e por seca. Claro que também houve decisões erradas de produtores, como diminuição da área plantada de laranja e soja, mas não creio que tudo isso seja muito preocupante. De fato, acredito em rápida recuperação da agricultura em 2013.
A indústria e os investimentos também tem tudo para se recuperar nesse ano. Mas vejamos caso a caso, pois não temos, aqui, razões para comemorar: Os investimentos caíram com relação ao ano passado, fato. Porém, esse fato nos traz duas notícias boas. A primeira: Mesmo com retração, não houve queda no emprego nesse setor. A segunda: Houve em 2012 um aumento na compra de máquinas e equipamentos. Estes produzem produtos que todos compramos. Logo, podemos perceber que os empresários apostam num aumento da demanda em 2013.
A indústria, mesmo com a retração, apresentou crescimento pois, trimestre por trimestre de 2012, houve aumento nos seus índices. Assim, juntamente com aquele crescimento de compras de máquinas e equipamentos descritos no parágrafo anterior, podemos pensar numa retomada do crescimento do PIB de 2013 e acreditar no Mantega quando ele diz que o crescimento no Brasil neste ano será por volta de 4%.
Porém, ah porém, há um caso diferente diria Paulinho da Viola. Mesmo com o irritante vício do ministro Guido Mantega em errar, creio que dessa vez ele está certo. O Brasil crescerá mais esse ano, e provavelmente vai crescer ainda alguns anos. No entanto, será um crescimento insustentável. Muitas empresas visam apenas os grandes eventos que aconteceram no Brasil, e creio que os investimentos são apenas de curto prazo. Afora isso, o que está crescendo no Brasil é o consumo. A ascensão dessa nova classe média se reflete no consumismo, não no investimento.  Além disso, o que guia o governo são seus gastos, não os investimentos em infra-estrutura. Ainda somos dependentes de estradas e caminhões!
Portanto, creio que o Brasil terá um crescimento nos próximos anos. Todos os índices acima descritos terão incrementos. Porém, temo que a falta da cultura do investimento da população, somada a falta de vontade política para investir naquilo que é necessário ao país (infra-estrutura, ferrovias, estradas, transporte público, diminuição da carga tributária) farão do nosso crescimento nos próximos anos um belo exemplo do que é um voo de galinha em economia. Com a estrutura e intelecto atuais, é melhor temermos pelo nosso médio e longo prazo.

Cristovam